quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Construção civil terá PIB forte em 2012



O Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil deve continuar crescendo neste ano e no próximo num ritmo superior ao da economia em geral, apesar da deterioração do cenário mundial. Projeções do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) divulgadas ontem indicam que o PIB da construção civil deve aumentar 4,8%, ante um acréscimo de 3% da economia. Para 2012, a estimativa é que o PIB geral cresça 3,5% e o da construção civil tenha uma acréscimo de 5,2%.
Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que o PIB da construção civil do terceiro trimestre cresceu apenas 0,2% ante o segundo trimestre, descontadas as influências sazonais. Na comparação com o terceiro trimestre de 2010, a alta foi de 3,8%. “Esse resultado está subestimado”, afirmou Ana Maria Castelo, economista da FGV Projetos e responsável pela análise econômica do setor feita pelo Sinduscon-SP. Ela explica que o IBGE projeta o PIB da construção com base no desempenho da indústria de materiais de construção. Como as importações de materiais aumentaram muito, esse não é mais um bom termômetro para projetar o PIB.


Tanto é que ontem o Sinduscon-SP divulgou projeções revisadas para o PIB do setor em 2009. De uma queda de 6%, houve crescimento real de 8,3% ante 2008. “Em 2009, houve um descolamento entre o PIB e a produção de materiais”, disse Ana.


Longo prazo. O vice-presidente de Economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, disse que, como a construção civil é uma atividade que trabalha com um horizonte de prazos mais longos, as obras contratadas hoje garantem o crescimento vigoroso do PIB do setor neste ano e no próximo. “Se houver uma deterioração muito grande da economia, isso poderá afetar o setor no fim de 2012 e início de 2013″, disse Zaidan. “O crescimento está garantido por três trimestres.”
Ana Maria detalhou que o crescimento projetado para o ano que vem será baseado em três pilares: o avanço mais rápido da segunda etapa do programa habitacional do governo Minha Casa, Minha Vida, as obras de infraestrutura para os eventos esportivos de 2014 e 2016 e o crédito habitacional, que deve continuar em expansão.


Ela projeta para este ano crescimento real de 30% no crédito habitacional em relação a 2010 e de 30% nominal em 2012. Foi o avanço do crédito que reduziu a fatia do informalidade no setor. Hoje as empresas respondem por 65% do PIB da construção.



Notícia de Márcia de Chiara
Fonte: Estadão SP

Cotações de alumínio iniciam o ano com ligeira alta

Negociações à vista atingem US$ 2.144/tonelada

Revertendo a tendência verificada nos oito últimos meses, a cotações médias do alumínio primário na London Metal Exchange (LME) apresentaram ligeira elevação em janeiro. Para compras à vista, a média do mês de janeiro atingiu US$ 2.144/tonelada e US$ 2.175/tonelada para entrega em três meses, indicando queda de 6% e 7%, respectivamente, em relação ao mês de dezembro de 2011. Analisando apenas as compras à vista, a menor cotação foi registrada no dia 05, US$ 2.003/tonelada, enquanto a maior foi US$ 2.257/tonelada, no dia 31 do mês.

Os estoques de alumínio primário na LME apresentaram uma ligeira elevação ao final do mês de janeiro, atingindo 4.996 mil toneladas, 17 mil toneladas superior ao volume registrado no final de 2011.

De acordo com o International Aluminium Institute (IAI), a produção mundial de alumínio primário de 2011 apresentou crescimento de 7,4% em relação ao volume de 2010. Foram 43,4 milhões de toneladas, das quais 17,8 milhões de toneladas, ou 41%, produzidas pela China.

Conforme publicado pelo Valor Econômico (01.02.2012), o mês de janeiro foi marcado pela recuperação dos preços internacionais dos metais. “A esperança de que a crise europeia terá um desfecho ameno; de que a China continuará sustentando a demanda global; e de que os EUA começarão a retomar o rumo do crescimento foi o sentimento que diminuiu a aversão ao risco dos mercados e impulsionou as cotações”, afirma o jornal.

A reportagem apresenta, no entanto, questionamentos sobre a sustentação dessas altas e deixam o cenário para as commodities ainda nebuloso. Analistas do Barclays Capital acreditam que a desaceleração da demanda pelas commodities vai se estabilizar no primeiro trimestre, se traduzindo em uma recuperação sequencial no segundo. “O setor imobiliário chinês – grande consumidor de metais – continuará a crescer, mas a passos menores, e os pequenos estoques do país devem gerar um movimento de compra nos próximos meses”.

O Morgan Stanley, por outro lado, revisou para baixo as projeções para os metais em 2012, citando perspectivas pessimistas para a economia global e a possível alta do dólar ao longo do ano. No mesmo caminho, o Standard Bank duvida de altas sustentadas.



Ligas secundárias
Também revertendo a sequência de quedas, as cotações médias das ligas secundárias de alumínio para compras à vista atingiram, em janeiro, US$ 2.050/tonelada e US$ 2.075/tonelada para entrega em três meses, elevação de 6,7% e 7,3%, respectivamente, em relação ao mês de dezembro.



Publicado em: Fevereiro/2012


Fonte: ABAL - Associação Brasileira do Alumínio

Professor da POLI destaca a importância das esquadrias.

Verdadeira expertise, a Gestão Estratégica de Suprimentos alça a atividade de compras, de nível operacional, ao âmbito estratégico das construtoras. Objeto de bibliografia e estudos acadêmicos, se impõe como uma mudança de cultura nas empresas brasileiras do setor. A função exige que o gestor tenha formação não apenas em engenharia civil, mas também na disciplina de Negociação dos cursos de Administração, além de conhecimentos sólidos de psicologia. O professor PhD Francisco Cardoso, da Escola Politécnica da USP, que orientou tese da mestranda Tatiana Moratti sobre diretrizes para implantação da gestão estratégica de suprimentos, explica que há uma metodologia a seguir para o sucesso dessa atividade, que abrange materiais, serviços (inclusive projetos) e equipamentos.

"Pela complexidade dos edifícios e volume de sua produção, as construtoras precisam da ajuda dos fornecedores, inclusive criando parcerias para o desenvolvimento de soluções", diz Cardoso, ilustrando: "É o caso da construtora que está fazendo 20 mil casas para o Minha Casa, Minha Vida e chama, por exemplo, o fornecedor de esquadrias - item com alta incidência de custo na obra -, para desenvolverem juntos produtos que alcancem o desempenho adequado ao sistema construtivo que será usado, além de prazo e preço. Portanto, esse fabricante não é um simples fornecedor".

Limitando-se a abordar os materiais, o professor explica que a primeira etapa da Gestão Estratégica de Suprimentos começa pelo domínio das informações pela construtora sobre o seu empreendimento, o que ela precisa e o que está falho. E, paralelamente, conhecer o mercado de fornecedores. "Os materiais devem ser analisados sob duas perspectivas. A primeira, é identificar aqueles que são mais estratégicos, seja do ponto de vista de custo; ou porque está no caminho crítico da obra, ou seja, se faltar, a obra atrasa; ou, ainda, porque é essencial para o desempenho da edificação. Voltando ao exemplo da esquadria, por essas razões, mesmo que não tivesse grande incidência no custo, deve ser colocada nessa faixa de produtos mais estratégicos", ensina.

O passo seguinte envolve a análise dos mesmos produtos sob a ótica do fornecimento, separando-os em materiais de fácil obtenção - há vários fornecedores e competição entre eles - dos demais, em que há dificuldade para compra porque o mercado está desabastecido, tem mais demanda do que oferta, ou porque está nas mãos de monopólio ou oligopólio. "Enfim, padrões que distorcem o mercado", comenta Cardoso.
Metodologia
Ao analisar os materiais sob essas duas óticas, a construtora consegue dividi-los em quatro quadrantes:

Mercado simples
a) Material menos estratégico
b) Material mais estratégico ou crítico

Mercado complexo
a) Material menos estratégico
b) Material mais estratégico ou crítico


De acordo com Cardoso, quando se tem um produto crítico num mercado complexo, é preciso traçar uma estratégia específica e quem vai negociar esse item é o diretor ou, até mesmo, o dono da construtora. Essa negociação é um processo que exige um excelente planejamento da construtora e visão de longo prazo. "Se o insumo crítico é o concreto, o diretor informa o fabricante que tem programada a construção de, por exemplo, dez obras para este ano e outras 15 para 2012, e quer discutir o fornecimento total", diz, acrescentando que "a construtora que não estabelecer parceria comprará mais caro ou, simplesmente, não conseguirá comprar - e aí, ela para".



Aqui, vale um parêntese de Francisco Cardoso: "Em décadas passadas, quando não havia uma política habitacional ou a certeza da produção futura de edificações, era impossível garantir ao fornecedor um volume de obras. Hoje, com a expansão da construção civil, a Gestão Estratégica de Suprimentos é essencial".



Ainda no quadrante do mercado complexo, porém quando o material ou componente não é essencial para a construtora, a lógica da negociação é outra, ou seja, a empresa precisa garantir o fornecimento. Se o fabricante pedir 10% a mais, a construtora paga. "Estamos falando de materiais como cimento, argamassa pronta e areia, que não podem faltar na obra, mas não é uma esquadria - essencial. Estamos falando da construtora que vai usar concreto usinado e só precisa de cimento para algumas tarefas, mas é importante ter. O mesmo com a areia, que deve ter boa origem e não dar problema patológico, mesmo que custe mais caro", afirma.



Já no segmento em que o material é crítico - por exigência de prazo, por exemplo -, porém se situa num mercado competitivo, a construtora vai negociar prazo. Ela compra do fornecedor A que ganhou a concorrência naquele momento e para aquela obra, porque garantiu a entrega. Numa outra obra, pode comprar do B ou do C. "É uma situação diferente daquela do concreto usinado da qual falamos antes, que, por ser um mercado complicado, levará a construtora a negociar e comprar sempre da mesma concreteira, se possível para obras no país inteiro", destaca o professor.



O quarto quadrante se refere aos produtos de rotina para a construtora, fornecidos por um mercado competitivo. "São materiais que pedem a simplificação da contratação. Nesse caso, a empresa usa a ferramenta do e-commerce, como o Construcompras, ou seja, põe em leilão e compra o de menor preço", recomenda Cardoso, referindo-se a insumos como madeira, rejuntes, arame, prego e telhas. Para a construção de um empreendimento sustentável considerado estratégico, a empresa terá que identificar se os materiais de que precisa se inserem num mercado competitivo. "Se for, ótimo. Mas, se for crítico, ou seja, não tem fabricantes ou tem poucos, ou eles estão atrasados em tecnologia ou sem garantia de entrega, é preciso desenvolver um fornecedor. Isto implica investir para que um parceiro, em geral pequeno e sem ativo, desenvolva o produto, eventualmente mandá-lo para o exterior para se especializar, pagar os ensaios", propõe. É comum acontecer com a construtora que tem obras em outros Estados e não há fabricante local. Mesmo se tratando de um produto simples, porém pesado ou volumoso, a solução é desenvolver um fornecedor.
Outros passos



Dentro da metodologia de Gestão Estratégica de Suprimentos, depois de a construtora identificar onde os produtos de que precisa se encontram nos quatro quadrantes, o próximo passo é a gestão da negociação. Nessa etapa, em função de cada quadrante, ela vai se apresentar de uma forma diferente a cada um dos mercados. Segundo Cardoso, existem técnicas para essa atuação, os profissionais são treinados para negociar em cada uma dessas situações. Há toda uma formação, inclusive acadêmica: é a disciplina de Negociação dos cursos de Administração e, também, na área de psicologia, de comportamento. Nas livrarias, tem prateleiras inteiras de livros e manuais sobre essas técnicas que envolvem também comunicação e linguagem. "O negociador não pode ser um predador, porque amanhã o negociador pode estar dependendo daquela empresa. Pelo histórico da construção civil, quando se compra material, a negociação é mais impessoal, mas o que se compra é menor preço e eventualmente prazo - não conhecem e nem adotam a gestão de suprimentos, nem este passo da gestão de negociação. Tem, também, a prática do ‘jeitinho' ou de contratar o material do amigo. Mas, no caso da contratação de serviços a postura é pessoal e degrada o prestador de serviço, que mesmo aviltado, aceita por falta de opção. Encerrada a negociação, não haverá a próxima", relata. Francisco Cardoso ressalta que numa negociação estão sendo discutidas posições, e não pessoas. Portanto, toda agressão deve ser evitada - no futuro, um dos lados pode se tornar chefe ou subordinado do outro, ou mesmo colega de função. "É essencial mudar a cultura dessa área nas construtoras: a atividade de compras deixa de ser uma questão operacional para se tornar estratégica, que envolve planejamento, gestão da negociação e gestão do contrato", diz, explicando: "É preciso que a empresa tenha um profissional treinado para essa função, pois os contratos precisam ser administrados diante de algumas situações específicas. Devem, por exemplo, prever quem vai assumir os riscos e qual a remuneração de quem os assume. E prever a cláusula de arbitragem, ou de um conselho de disputa - isto vale para grandes contratos, como um shopping center ou uma fábrica", orienta, porque, afinal, a relação construtora x fornecedor tem que ser do tipo ‘ganha ganha', principalmente nos quadrantes críticos.


Igualmente essencial é a área de gestão de relacionamento com o fornecedor, focada no longo prazo. Envolve o acompanhamento do fornecedor através de indicadores para avaliar se ele está com problemas, se precisa de ajuda, se o contrato está bem resolvido ou, se na próxima contratação devem ser feitas alterações, e entender que o fornecedor tem sua própria dinâmica. "É sempre bom verificar se ele está acompanhando a evolução da tecnologia do seu segmento e estimulá-lo a se atualizar. Enfim, não é mandar caixa de uísque e agenda no final do ano, é técnica relacional", acrescenta Cardoso.



E, tanto na gestão de contrato, como na gestão de relacionamento é fundamental a integração do sistema de informação. "Perde-se muito tempo porque os softwares de gestão empresarial não falam com A, com B ou C. Numa obra, hoje, são 3 mil itens e a chance de algo dar errado é muito grande sem a integração da informação", conclui.
Fonte: Redação AECweb

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Nove cidades-sede têm déficit de hotéis

Só São Paulo, Rio e Curitiba possuem disponibilidade de quartos compatível com regras da Fifa
O turista que pretende ver os jogos da Copa de 2014 pode estar mais interessado em assuntos como a liberação de cerveja nos estádios, ou que cidades vai visitar durante as quatro semanas do mundial. Mas talvez seja recomendável gastar algum tempo extra para pensar em um lugar para dormir. Pelo menos nove das 12 cidadessede que receberão os jogos têm hoje um déficit hoteleiro, se considerado o plano ideal de acomodações desenhado pela Fifa para 2014. Na prática, boa parte dessas cidades deverá recorrer a rotas alternativas, como hotelaria familiar, albergues, “bed & breakfast” e navios com dormitórios, para garantir hospedagem ao torcedor.
Os dados da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) apontam que, juntas, as 12 cidades-sede têm hoje 104,7 mil quartos de hotéis — não há informação sobre o número de leitos (camas) — que, segundo a instituição, se enquadram em um perfil de qualidade que atende às orientações da Fifa. É muito pouco se comparado ao histórico de ocupação hoteleira dos jogos.
Segundo a FBHA, a orientação da Fifa é de que cada cidade-sede tenha uma quantidade de leitos disponíveis equivalente a 30% da capacidade total de seu estádio. Se essa média for realmente tomada como parâmetro, seriam necessários nada menos que um total de 202,1 mil leitos nas 12 cidades. Para efeito de comparação, se metade dos quartos disponíveis atualmente tivesse dois leitos cada, o que seria um volume muito alto, o total de leitos seria de cerca de 160 mil unidades, ou seja, ainda faltariam outras 40 mil camas para acomodar os turistas.
Atualmente, apenas São Paulo e Rio de Janeiro têm uma oferta hoteleira tranquila. A situação de Curitiba também não é muito preocupante. Nas demais capitais, porém, o cenário se complica. Cuiabá, Manaus, Natal e Recife puxam a lista dos mais problemáticos.
Os números da FBHA, que contabilizam hotéis de duas a cinco estrelas, apontam que a oferta atual de Cuiabá é de 1.566 quartos. A arena Pantanal, no entanto, terá capacidade para acomodar 43,6 mil espectadores. Logo, no plano ideal seriam necessários ao menos 13 mil leitos na cidade.
Para Alexandre Sampaio, presidente da FBHA, Cuiabá está entre as sedes que terão de passar por uma forte adaptação. “A Fifa orienta que os hotéis devem ser localizados num raio de até 50 quilômetros dos estádios, mas no caso de Cuiabá, por exemplo, essa distância terá de ser ampliada”, comenta. “O negócio hoteleiro não se sustenta apenas por conta de um evento. Estamos falando de algo que passa por dez anos de maturação. Cuiabá tem uma série de atrativos de turismo, por isso teremos que considerar uma distância de até 150 quilômetros dos estádios.”
Complicada também é a realidade de Manaus. A cidade tem hoje 3.019 quartos disponíveis. Com uma arena para 44,3 mil pessoas, porém, seria recomendável ter uma estrutura para acomodar pelo menos 13,3 mil torcedores na Amazônia. “Opções com navios com dormitórios são uma saída bastante factível para Manaus, além de outras cidades dos Nordeste”, comenta Sampaio.
Natal, que vai desembolsar R$ 400 milhões em seu estádio das Dunas, tem hoje 3,8 mil quartos, quando a demanda projetada será de pelo menos 13,5 mil leitos. Em Recife, onde há 3,7 mil dormitórios listados pela FBHA, estima-se a necessidade de quase 14 mil camas.
O assunto preocupa o Palácio do Planalto, que tem realizado reuniões regulares para tratar da situação. O Ministério do Turismo alega que a ampliação do número de leitos nas cidades-sede depende, essencialmente, da iniciativa privada. “Cabe ao Ministério do Turismo articular junto às instituições financeiras a liberação de linhas de crédito para fomentar a indústria hoteleira. Atualmente, entre a linha Procopa [do BNDES] e os Fundos Constitucionais, mais de R$ 2,5 bilhões estão disponíveis para o setor”, informou o ministério, por meio de nota.
A simples oferta de crédito, no entanto, parece não resolver a questão. “A maioria das cidades tem oferta hoteleira extremamente reduzida. Por outro lado, os empresários têm receio de colocar dinheiro em projetos que depois se transformem em elefantes brancos”, comenta José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco). “A resposta realmente está na iniciativa privada, mas a orientação vem de instituições governamentais. Está faltando alguém liderar esse processo.”
A estimativa da FBHA é de que serão abertos, até o fim de 2015, cerca de 20 mil quartos nas 12 cidades-sede da Copa. Não há indicações, porém, de uma distribuição homogênea desses empreendimentos, como é possível notar nos contratos de reforma e construção já aprovados pelo BNDES (ver texto ao lado).
Apesar das limitações, Alexandre Sampaio, da FBHA, acredita que não faltará lugar para dormir durante os meses de junho e julho de 2014. “Além dos projetos de ampliação que estão em andamento, é preciso considerar que o setor também terá seu crescimento vegetativo. Vamos precisar apenas de alguns ajustes”, diz.
Enrico Fermi Torquato, presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), também não vê razões para muita preocupação. “Precisamos de novos projetos hoje e essa ampliação está acontecendo, independentemente da Copa do Mundo”, diz.
No fim do ano passado a Fifa divulgou uma lista de 700 hotéis, classificados com três a cinco estrelas, que devem hospedar os turistas durante a Copa de 2014. A relação traz uma descrição básica sobre os serviços oferecidos em cada hotel e a sua distância do estádio e do aeroporto, além de fotos e mapas.
O Ministério do Turismo estima que um total de 600 mil estrangeiros e 3 milhões de brasileiros deverão circular pelo Brasil no mês da Copa. No período, o país chegar a 7,8 milhões de viagens domésticas.
A Match Services, empresa contratada pela Fifa para cuidar da hospedagem dos membros da Fifa, do comitê organizador e de equipes participantes, informou que já conseguiu garantir “um volume suficiente de quartos de hotel” para atender às suas necessidades. Segundo a companhia, que está baseada na Suíça, também há “um estoque significativo de salas” que serão disponibilizados para venda a outros grupos de clientes da Fifa, como empresas de mídia e associados de seu programa oficial de hospitalidade.











“Onde existe uma demanda adicional, a Match irá tentar encontrar soluções com voos charter de outras cidades ou com inventários de quarto disponível em cidades vizinhas”, informou a empresa. Perguntada sobre a orientação de que oferta de leitos está atrelada a 30% da capacidade dos estádios, conforme relatam os empresários brasileiros, a Match afirmou que isso não é uma regra da instituição.

Fonte: Valor Ecônomico.

Custo de mão de obra na construção civil dispara

A previsão da indústria é que as construções relacionadas ao Mundial comecem em 2012
O aumento de custo da mão de obra empregada na indústria da construção civil brasileira já bateu recorde em 2011. Isso, sem que boa parte das obras da Copa de 2014 tenha começado. A previsão da indústria é que as construções relacionadas ao Mundial comecem em 2012. De janeiro a agosto, a despesa com mão de obra cresceu 10,22%. É a primeira vez, desde 2008 --quando a metodologia de cálculo para esse indicador foi alterada--, que o percentual do crescimento do custo médio nacional da mão de obra alcança dois dígitos, informa reportagem de Agnaldo Brito. A razão para esse fenômeno é simples. A indústria desmobilizou mão de obra no longo período em que houve escassez de projetos. A demanda por profissionais vem de várias frentes. Efeitos da CopaOitenta e cinco por cento das empresas de construção civil acreditam que a Copa do Mundo de 2014 trará impactos positivos para o setor e 18% informaram já perceber esses efeitos em seus negócios. Para metade (47%) das empresas consultadas, o megaevento esportivo provocará benefícios na própria empresa. As informações fazem parte de um estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgado nesta terça-feira. A pesquisa consultou 411 empresas de todo o país, entre 1º e 15 de julho. Foram 212 de pequeno porte, 149 de médio porte e 50 grandes empresas. A expectativa sobre os efeitos da Copa do Mundo no setor aumentam conforme o porte da empresa. Todas as empresas de grande porte ouvidas afirmaram acreditar no impacto positivo do megaevento esportivo. Entre as de médio porte, 86% concordam com a afirmação. O número cai para 81% entre as pequenas empresas. Das médias, 6% acham que o impacto será negativo e 8% que não haverá alterações. Entre as pequenas, 12% avaliam que a influência da Copa no setor será negativa e 8% dizem que não haverá impacto. MAO DE OBRA A razão para o pessimismo de algumas pequenas e médias empresas pode ser a possibilidade de falta de mão de obra e aumento de custo que as obras da Copa poderão ocasionar, segundo o gerente-executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. "A própria pesquisa mostra que isso pode acontecer. As empresas que acham que os impactos podem ser negativos devem ter feito essa avaliação." Na avaliação dos empresários do setor, a mão de obra é o maior gargalo para a execução da Copa no Brasil. A falta/alto custo de mão de obra foi a resposta mais citada, com 71%. "Hoje existe um problema da falta de mão de obra, e que vai continuar existindo, porque a demanda esta maior do que a oferta", diz Fonseca. "Não acreditamos que a obra não vai deixar de acontecer por causa da falta de mão de obra, mas vai gerar aumento de custo e atrasos na entrega." A burocracia no processo licitatório foi a segunda opção mais assinalada, com 48% das respostas. Em terceiro lugar na lista dos maiores gargalos ficou o prazo curto para término da obra ou serviço (45%), seguido da elevada tributação (43%).








Fonte: Folha.com/Uol

Construtoras fazem de tudo para contratar

O momento é de aquecimento para o setor da construção civil no Brasil. A grande demanda por obras públicas e deinfraestrutura para os eventos esportivos que serão sediados no país apresentou ao setor o problema da escassez de mãode obra. Com prazos para serem cumpridos, empreiteiras espalhadas pelo país foram até o Acre recrutar haitianos, estão distribuindo prêmios em dinheiro e até fazendo sorteiospara atrair trabalhadores.

Nos próximos dez dias, pelo menos 28 haitianos serão integrados às equipes de trabalho da construtora mineira Urb Topo. Eles chegaram ao país pela cidade de Brasileia, que tem sido a porta de entrada para centenas de haitianos no Brasil. Essa imigração despertou a preocupação do governo no início do ano, que anunciou a liberação de R$ 1,3 milhão para a assistência em saúde no Estado e a concessão de 1,2 mil vistos permanentes a cada ano para haitianos que queiram viver e trabalhar no Brasil.

Foi em Brasileia que o gerente de recursos humanos Frederico Moraes encontrou os seus mais novos 28 funcionários. "Saíde Contagem [na região metropolitana de Belo Horizonte] com todo o programa definido. A Secretaria de Estado deJustiça e Direitos Humanos do Acre ajudou a encontrar esses trabalhadores, que já estavam com a documentação regularizada. Até a retirada deles do Acre será paga pelo governo", explica.

De acordo com o encarregado da construtora para recrutar os haitianos, apenas trabalhadores com experiência na construção civil foram contratados. E o salário é o mesmo dequalquer brasileiro: R$ 819 para trabalhar como ajudante depedreiro. "A carteira será assinada, eles terão alimentação e moradia no local de trabalho e todos os direitos que os funcionários brasileiros têm", diz Moraes. "A empresa estava com dificuldades para preencher vagas iniciais e os haitianos ficam contentes em receber o piso, que é muito mais do que receberiam em seu país."
A taxa de desemprego em novembro na construção civil ficou em 2,7%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice é bem inferior ao resultado geral do país para todos os setores, que ficou em 5,2% no mesmo mês.

Durante dois fins de semana de janeiro, a Prime Incorporações e Construções, que pertence ao grupo MRV, realizou feiras de emprego em Campo Grande e Cuiabá. Antes do evento, carros de som circularam pelas cidades divulgando o sorteio de eletrodomésticos, como bicicletas e televisores, que haveria no dia da "feira", cujo real objetivo era encontrar e contratar cerca de 600 funcionários para os nove canteirosde obras que possui nessas cidades. "A ideia do sorteio era atrair o colaborador. Lojas de eletrodomésticos costumam fazer ações na porta para atrair o cliente. A gente também quis se diferenciar do concorrente e fazer com que esse trabalhador nos procurasse", diz Alexandre Vilela, presidente da empresa.

O evento foi um sucesso. Mais de 1.300 se inscreveram paraas vagas disponíveis e foi possível fazer uma triagem no próprio dia da feira. As pessoas saíam do local já com a carteira assinada.
A empresa fez uma parceria com as prefeituras de Campo Grande e Cuiabá, com os sindicatos locais e com bancos, que montaram postos de atendimento para que os trabalhadores que não tivessem conta bancária pudessem abrir a sua conta salário. "Até quem não tinha carteira assinada pode fazer uma na hora", conta Vilela. Para isso, o investimento total foide R$ 30 mil. "É pouco se dividirmos esse valor pelas 600 contratações feitas" - o que daria R$ 50 por funcionário admitido.

A empresa tinha motivos concretos para se preocupar com a disponibilidade de funcionários em suas obras, já que chegou a atrasar algumas entregas em 2011 e não quer correr o riscode ver os atrasos se repetirem neste ano, sendo que estão previstas as entregas de 9 mil apartamentos nessas duas capitais do Centro-Oeste a curto prazo. "Em 2010, muitas obras foram lançadas. 2011 foi o ano de execução dessas obras", afirma Vilela.

A falta de mão de obra não se limita à especializada. Entre as contratações da Prime, 50% foram de serventes, que serão capacitados para ocupar outras posições nas obras. Os 50% restantes representam, principalmente, eletricistas e pedreiros, cujo salário médio é 31% maior que o deserventes.

Na também mineira Construtora Caparaó, a equipe derecursos humanos teve a ideia de dar prêmios, em dinheiro,para os funcionários que indicassem profissionais para vagas em aberto. Quando o indicado passa no período deexperiência de 90 dias, tanto quem indicou como o recém-contratado recebem R$ 100 de bonificação.

"Se há vaga disponível, a gente divulga em todas as obras e incentiva a repercussão da vaga entre os funcionários", explica Silvano Aragão, gerente de RH da empresa. Segundo ele, mais de 20 funcionários foram beneficiados com o prêmio em dinheiro desde setembro do ano passado, quando a prática passou a ser adotada - considerando os três mesesde experiência exigidos para que o bônus seja concedido, esses prêmios foram entregues de dezembro para cá.
Jorge da Silva foi um dos beneficiados pela escassez de mãode obra na construção civil. Seu último emprego havia sido como técnico de laboratório em uma universidade em Campo Grande, de onde ele saiu em junho. Em janeiro, quandodeixou de receber o seguro-desemprego, Silva viu uma oportunidade no anúncio da Prime. Contratado como pedreiro, seu salário, de R$ 1.200, é 50% maior do que o pago pela universidade. "Quando fui participar da seleção na Prime, já tinha sido aprovado em outras duas construtoras. Eu pude escolher", diz.

As diferentes maneiras de atração têm sido criadas pelas empresas que precisam recrutar mão de obra na construção civil para atingir trabalhadores como Silva, que, diante da grande oferta de vagas e da escassez de mão de obra, podem negociar e escolher entre diferentes propostas deemprego.

Essa realidade ainda não é compartilhada pela Odebrecht nas obras do estádio do Corinthians, na zona leste da capital paulista. A empresa fez uma parceria com a prefeitura pararecrutar mão de obra qualificada por meio do Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT). "As funções são similares em praticamente todas as obras da construção civil pesada. A gente exige comprovação de experiência em carteira, devido ao grau de segurança necessário", segundo Domingos Sáviode Araújo, gerente-administrativo dessa obra.

Os 1.038 funcionários que trabalham na obra vieram de três principais fontes. A maior parte conseguiu o emprego após indicação pelo CAT. O programa de capacitação profissional "Acreditar" também forma mão de obra capacitada. A empresa ainda pratica o reaproveitamento de outras obras que vão sendo finalizadas no período de construção do estádio. "A gente busca mapear obras vizinhas que estejam em fase definalização para aproveitar esses funcionários, que já conhecem a dinâmica da empresa", diz o gerente.





Fonte: Clipping seleção de notícias.

Caixa acelera crédito imobiliário e libera R$ 4 bi

Nos primeiros 20 dias deste ano a Caixa Econômica Federal aprovou R$ 4,38 bilhões em créditos imobiliários, um aumento de 75,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa expansão dá uma ideia do ritmo que o banco estatal quer imprimir às suas operações.

O objetivo é expandir em 20% o volume de liberação de empréstimos imobiliários este ano em comparação com 2011, com o volume total de novos contratos passando de R$ 80 bilhões para R$ 96 bilhões. “Nós achamos que é possível atingir os R$ 100 bilhões, pois no segundo semestre o ritmo das operações costuma ser mais vigoroso”, disse o vice-presidente de Governo da instituição, José Urbano Duarte, em entrevista ao Valor.

Dos R$ 96 bilhões, R$ 41,3 bilhões são para o programa Minha Casa, Minha Vida, destinado a famílias com renda de até R$ 5 mil e subsidiado pelo governo federal, disse Urbano. Esses números do programa habitacional do governo foram parte das informações levadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, à reunião ministerial de segunda-feira como demonstração da decisão do governo de estimular os investimentos este ano.
No ano passado, o total das operações de créditos contratadas pela Caixa no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida atingiu R$ 34 bilhões, o que permitiu financiar 457 mil unidades habitacionais. Com os R$ 41,3 bilhões previstos para este ano, a instituição espera financiar 600 mil unidades habitacionais. A meta estabelecida pela presidente Dilma Rousseff é chegar à construção de dois milhões de moradias até 2014.

Urbano não vê sinais de desaquecimento no mercado imobiliário brasileiro este ano. A Caixa trabalha com crescimento de 20% dos seus desembolsos, mas outras instituições preveem crescimento até maior. A Abecip projeta aumento de 25% e 35% para os financiamentos habitacionais destinados às famílias de média e alta renda.

Todas essas previsões foram encaminhadas à presidente Dilma Rousseff, nos encontros da presidente com a área técnica do governo que antecederam a reunião ministerial desta semana.

Urbano chama a atenção para o efeito multiplicador das operações imobiliárias no restante da economia. Apenas em relação ao emprego, ele disse que, segundo os indicadores da Caixa, cada 100 novas unidades habitacionais criam 65 empregos diretos.

O crescimento das operações da Caixa será maior no segmento de baixa renda, informa Urbano. Ele destacou o fato de que 80% do total dos financiamentos com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) são destinados à chamada nova classe média, representada por aquelas famílias com renda de até R$ 5 mil. Mesmo com a forte expansão dos últimos anos,
Urbano disse que o nível de inadimplência acima de 90 dias desses financiamentos está hoje em apenas 1,74%.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Números da Euforia.



O Brasil ganha 19 milionários por dia, diz 'Forbes'

Rio de Janeiro: juntamente com São Paulo, a cidade concentra 70% do número de milionários e bilionários do país



A economia brasileira anda tão bem que tem elevado 19 brasileiros à categoria de milionários a cada dia. A tendência, longe de se esgotar, deve continuar por mais três anos com o crescimento econômico não apenas do país, mas também da América Latina, segundo a revista americana Forbes. O Brasil conta com 137 mil milionários e cerca de 30 bilionários, pelas contas da Forbes. Para chegar à conta dos 19 milionários por dia, a revista considerou toda a riqueza individual, incluindo investimentos, propriedade, poupança e outros patrimônios, além de dinheiro – nesse caso, em moeda local, ou seja, estamos falando em milionários em real, com bens equivalentes a US$ 540 mil. "Indivíduos com patrimônio entre US$ 539 mil e US$ 2,7 milhões (R$ 1 milhão e R$ 5 milhões) formam o grupo de novos milionários", diz a revista.
O fenômeno não é recente. Desde 2007, graças ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e das taxas de consumo, o volume de brasileiros que conseguem ultrapassar R$ 1 milhão em fortuna cresce a cada ano – mesmo considerando que desde então o país também sofreu os efeitos da crise financeira.
Segundo banqueiros ouvidos pela Forbes, o boom do setor imobiliário também gera uma enorme riqueza, já que o valor das propriedades dobrou nos últimos anos em um movimento que deve se manter com a Copa do Mundo em 2014 e pelo menos até a Olimpíada de 2016. O aumento pode ser sentido com mais força no Rio de Janeiro, cidade que tem recebido grandes investimentos de indústrias e que deve crescer muito com a exploração do pré-sal. No mapa dos mais ricos, os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo concentram 70% dos milionários e bilionários do país. Segundo Emerson Pieri, diretor de gestão de fortunas para a América Latina do banco de investimentos Haliwell, o Brasil representa uma oportunidade enorme para os bancos privados que podem lucrar ao atender às demandas dessa comunidade crescente.



Fonte: Época Negócios.

Cury amplia lucro e mantém aposta em imóvel popular.

Num momento em que a construção popular perde o brilho e vai para a berlinda, com várias empresas revendo sua atuação no segmento, a Cury, tradicional construtora do setor - que tem 50% do capital nas mãos da Cyrela - está conseguindo melhorar seus resultados. Seu lucro líquido saiu de R$ 6,2 milhões para R$ 52,1 milhões em 2010. "Temos a cultura da baixa renda, sempre fizemos isso e sempre faremos", diz Fábio Cury, segunda geração no comando da empresa, que foi fundada por seu pai há 49 anos.

A companhia teve receita operacional líquida de R$ 239,6 milhões, alta de 155,6% sobre 2009. As vendas, segundo Cury, totalizaram R$ 400 milhões, dos quais 90% dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. A companhia já contratou mais de 9.300 unidades dentro do programa, sendo 2.560 na faixa de 0 a 3 salários-mínimos - no qual os contratos são fechados diretamente com as prefeituras. Por ter tradição no segmento, a empresa ganhou experiência em outros programas habitacionais, como CDHU, Cohab e Plano PAR (Plano de Arrendamento Residencial) da Caixa Econômica Federal.

Com margem Ebitda de 23,2% e margem líquida de 21,7%, a companhia fica alinhada com outras duas empresas abertas de baixa renda que se destacam pelas margens elevadas - MRV, que embora tenha tido queda expressiva no quarto trimestre por conta de estouros de orçamento, fechou o ano com margem líquida de 21% e a Direcional , que teve margem de 23% em 2010. A média do setor ficou em 14%.

Na opinião de Cury, está cada vez mais claro que o mercado de imóveis populares é para quem tem experiência. Tanto que a empresa está comprando projetos e terrenos de companhias que não conseguiram avançar na baixa renda: adquiriu 70% de um projeto da João Fortes de 1,5 mil unidades no Rio e entrou com 50% em uma sociedade com a Tecnisa em um empreendimento de 600 unidades em Mogi das Cruzes. A empresa também está negociando a compra de vários terrenos. Nesse caso, sem parceria.

Empresa está comprando projetos e terrenos de companhias que não conseguiram avançar na baixa renda

No último trimestre de 2010, várias companhias diminuíram sua exposição à baixa renda, como PDG Realty, CCDI e a própria Cyrela. O caso mais emblemático é da Trisul, que chegou a ter prejuízo depois de enveredar para esse mercado - que tradicionalmente não era o seu negócio - e anunciou que está mudando o rumo da companhia.

A Cury constrói 100% do que incorpora e não terceiriza. Segundo o empresário, o planejamento, orçamento e execução estão alinhados com os custos. "A baixa renda não tem a margem da alta, o controle de custos precisa ser muito rígido", afirma. Segundo Fábio, não houve estouro de orçamento, problema que afetou seriamente a Cyrela no terceiro e quarto trimestres do ano passado, especialmente com os parceiros. Em seu balanço, a Cyrela afirmou que 70% dos estouros de custos - que somaram R$ 533,6 milhões -foram originários de obras com parceiros.

A venda de 50% do capital da companhia para a Cyrela aconteceu em julho de 2007. A gestão, segundo Cury, é 100% da sua empresa. "Como sócios estratégicos, eles sempre nos aconselham, mas nos dão liberdade para dirigir a empresa", afirma. A companhia, que construiu sua tradição na zona leste de São Paulo, está ampliando sua atuação e hoje está presente em 15 cidades, algumas delas no estado do Rio.

No ano passado, segundo o Valor apurou, a Cyrela chegou a estudar a possibilidade de unir as diferentes áreas que atuam na baixa renda, a Living, Cury e Plano & Plano - inclusive com aporte de um sócio. Fábio Cury comandaria a nova plataforma, mas o projeto não andou. O executivo nega e diz que trocas de informações entre as empresas sempre existiram, mas não há nada de concreto nesse sentido.

Fonte: Econômico Valor.

Falta de escritórios coloca São Paulo e Rio entre as mais caras do mundo.

Douglas Frye, presidente mundial da Colliers, consultoria global de venda e aluguel de imóveis comerciais, nunca tinha vindo ao Brasil - apesar de ter inúmeras informações sobre o país e de a subsidiária estar aqui desde 1997. Impressionado com o tamanho do país e com a energia e atitude dos brasileiros, Frye fala, com desenvoltura, sobre dados demográficos e ascensão da classe média. "O Brasil é o país que tem a melhor história para contar hoje", diz o executivo. "A China ainda peca na questão da transparência."
O executivo acaba de voltar do Fórum Mundial de Davos e se diz impressionado com a popularidade do país. "A liderança global está mudando e o Brasil é um dos principais destaques", afirma. "Talvez vocês não percebam como usam bem a tecnologia a seu favor, vocês são grandes usuários de internet". Mas ressalta, também, os desafios da infraestrutura e do crescimento rápido. "O Brasil terá que saber gerenciar essa expansão", afirma.
Apesar do forte aumento de preços no mercado imobiliário brasileiro nos últimos dois anos - no mercado de escritórios, os aluguéis chegaram a dobrar em endereços mais nobres e, na média, em 2010, os preços tiveram aumento real de 17% - Frye defende que não existe bolha. "A alta dos preços dos imóveis é saudável e tem fundamento, está baseada simplesmente na demanda e oferta."
Estudo global da Colliers mostra que São Paulo e Rio são as duas cidades do mundo com taxa de vacância (índice de escritórios vagos) mais baixas do mundo, 2,6% e 1,6%, respectivamente. Na América Latina, essa taxa é de 5,9%. Em Nova York, a vacância é de 12,4%. Em Londres está em 8,2% e em Shangai, de 13,1%.
A evolução do mercado de escritórios é recente. Apesar da crise de 2008, a rápida recuperação do mercado brasileiro e a necessidade das companhias em expandir atuação e, consequentemente, buscar espaços maiores, fez com que a oferta disponível fosse ocupada rapidamente. Em 2003, a taxa de vacância em São Paulo era de 14,7%, contra 2,6% em 2010. É uma das quedas mais expressivas em sete anos.


Desde o ano passado, as duas cidades brasileiras figuram no ranking dos aluguéis de escritórios mais caros do mundo -situação favorecida pela valorização do real frente ao dólar. Levantamento global da Colliers, com base nos preços de dezembro de 2010, mostra que o preço médio do metro quadrado no Rio custava US$ 94,74 (o que coloca a cidade na sexta posição, atrás de cidades como Hong Kong, Londres e Paris). São Paulo ficou em oitavo lugar, com aluguel médio de US$ 79,73 o m2. Na Faria Lima, por exemplo, os preços pedidos já se aproximam de R$ 200.
Uma comparação com outras cidades da América Latina torna mais evidente a falta de oferta de escritórios de alto padrão no Brasil. Segundo dados da Colliers, São Paulo tem hoje menos escritórios do que Buenos Aires e Santiago e a metade da Cidade do México. Essa situação, no entanto, é temporária. O mercado é cíclico e, diante do aquecimento atual, há muitos projetos por vir. O mercado paulistano receberá cerca de 230 mil m2 em 2011, 13% do estoque atual. Até 2014, a cidade de São Paulo ganhará cerca de 850 mil m2 em novos edifícios e há mais 600 mil m2 em projeto, ainda sem data de definida para lançamento
Atualmente, São Paulo é a oitava cidade com maior quantidade de metros quadrados em construção, perde para quatro cidades chinesas, Moscou, Tóquio e Cidade do México. "O Brasil vai chegar no topo dos investimentos em 2012", afirma, acrescentando que, com o aumento da oferta, os preços dos aluguéis devem se estabilizar.
A visita de Frye ao Brasil se justifica tanto pela importância do país no cenário global, quanto pela estratégia da companhia. A Colliers pretende fazer a aquisição de uma empresa de gestão de condomínios - mercado no qual as suas concorrentes diretas já atuam. Com faturamento global de US$ 2 bilhões em 2010, a Colliers não abre a receita no Brasil. É líder na comercialização de imóveis industriais, mas ainda tem uma participação inferior às multinacionais do setor, Jones Lang La Salle, CB Richard Ellis e Cushman & Wakefield.


Fonte: Econômico Valor.

Mercado em Franca expansão.

No início de 2010, a relações públicas Isabella Gama, 31 anos, fez uma resolução de ano novo. Há 12 anos morando de aluguel em um apartamento de 45 m² no bairro de Higienópolis, em São Paulo, ela decidiu que havia chegado a hora de comprar seu próprio teto. Encontrou no bairro um apartamento de 100 m² que custava R$ 287 mil. Isabella tinha R$ 60 mil para dar de entrada e queria financiar o restante em trinta anos. Bateu à porta de vários bancos, estudou o plano mais conveniente e trocou o aluguel de R$ 2 mil por uma prestação mensal de R$ 2.800. "E o valor vai caindo ao longo do tempo", diz.
Em 2010, o país registrou um milhão de histórias parecidas com a de Isabella, uma marca histórica para o crédito habitacional brasileiro.
E o desempenho do setor segue com fôlego em 2011. Os financiamentos devem chegar a R$ 80 bilhões, novo recorde, enquanto os bancos estimam que suas carteiras continuem crescendo acima de 10% neste ano. Em 2007, o crédito habitacional respondia por cerca de 2% do PIB. Está agora em cerca de 4% e deverá dobrar, chegando a 8% até 2014, segundo os analistas. Na média, o financiamento imobiliário responde por 5% a 7% dos ativos dos bancos privados, percentual baixo se comparado a países da Europa, onde mais de metade da carteira está atrelada à área imobiliária.

O ritmo das contratações deve continuar acelerado por uma razão básica: "O déficit habitacional de sete milhões de moradias faz com que o setor tenha grande potencial", afirma Eduardo Zaidan, diretor de economia do Sinduscon-SP. Ele estima que o PIB do segmento poderá se expandir 5,9% em 2011.
O movimento de aquisição de imóveis via crédito tem sido forte em todas as regiões do país, tanto para apartamentos novos quanto usados. "O Sudeste continua liderando em nossos financiamentos, mas se vê participação forte do Centro-Oeste, Nordeste e Nordeste", afirma Cláudio Borges, diretor de crédito imobiliário do Bradesco. A demanda por imóveis novos e usados tem sido equilibrada, com pequena vantagem para os usados, segundo Borges.
A expansão alcança todas as classes sociais. No Bradesco, 33,5% do total de imóveis financiados vão para quem ganha entre três a dez salários mínimos, enquanto 34% das residências compradas com crédito estão com clientes entre 10 e 20 salários mínimos; o restante (32,5%), com clientes acima de 20 salários mínimos. "Todos estão aderindo", diz Borges.
Principal agente financiador do setor de construção civil, a Caixa Econômica Federal estima que, considerando-se todas as fontes, a aplicação de recursos chegue a R$ 80 bilhões - 16 vezes maior que o volume financiado em 2003. A média diária de fechamento de contratos está em 4.100, com valor em torno de R$ 290 milhões. No ano passado, a média diária foi de 4.284 contratos e montante de R$ 273 milhões, segundo a assessoria de imprensa da instituição.
Entre janeiro e março, a carteira de crédito imobiliário do Santander para pessoa física totalizou R$ 7,1 bilhões, alta de 32,5% em doze meses e 6,1% em três meses. "As expectativas são muito positivas, já que o mercado de trabalho continua bem, a renda está estabilizada em um patamar elevado, a demanda do segmento é alta e ainda há o bônus demográfico, que também contribui", diz José Roberto Machado, diretor-executivo de crédito imobiliário do Santander. O segmento responde por 8% da carteira do banco, mas há espaço para crescer.
"O crédito a veículos responde por 17% dos ativos totais do nosso banco, enquanto o imobiliário responde por 4,5%. Não são atividades iguais e não estou dizendo que vai chegar a esse patamar, mas mostra que há espaço para crescimento", afirma Luiz Antonio França, diretor de crédito imobiliário do Itaú-Unibanco. No primeiro trimestre, o saldo de financiamento para pessoa física do Itaú chegou a R$ 9,2 bilhões, alta de 15% em relação a dezembro e de 61,8% ante março de 2010.
Entre os clientes de média renda, os reajustes salariais acima da inflação e o aumento do preço dos imóveis têm feito com que muitos financiem a compra de um imóvel melhor e maior que o antigo. Já, no topo da pirâmide, os consumidores de alta renda têm investido em residências de olho na remuneração mensal do aluguel, uma forma de ampliar o portfólio de investimentos. "O crédito habitacional tem penetração em todos os segmentos de renda", diz Machado, do Santander.
O perfil dos compradores é abrangente e reúne pessoas de todas as classes sociais, mas há uma característica comum: a maioria está adquirindo seu primeiro imóvel. "Cerca de 95% dos financiamentos de pessoas físicas estão ligados à primeira residência", diz Machado. No Bradesco, não é diferente: cerca de 90% do crédito está atrelado ao primeiro imóvel. "A maior demanda está na faixa de R$ 180 mil a R$ 200 mil, para a aquisição de um imóvel de valor entre R$ 300 mil a R$ 350 mil", afirma Borges.
O crédito habitacional em ebulição não tem apoiado apenas a compra de imóveis novos. No Itaú-Unibanco, cerca de 80% da originação do crédito imobiliário está ligada a imóveis usados, enquanto o restante está em residências novas. "Há um movimento muito forte em toda a cadeia, e os usados estão muito aquecidos nos últimos meses", diz Luiz Antonio França, do Itaú-Unibanco.
O aumento dos juros e a inflação em alta, por ora, não ameaçam as projeções do setor. Hoje a maior parte do financiamento está ligada à caderneta de poupança e ao FGTS, com juros diferenciados e abaixo do mercado. Para o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, isso pode criar um efeito psicológico negativo nos compradores, mas nada preocupante. "Como se trabalha com recursos com taxas bem diferentes dos juros praticados diariamente, e os prazos são longos, o impacto é mais psicológico e ocorre quando o comprador está lendo os jornais ou vendo as notícias negativas na televisão, mas deve ser passageiro", diz Petrucci.
O aquecimento do mercado e as perspectivas positivas têm feito surgir dúvidas em relação à necessidade de mais recursos de longo prazo para financiar o setor. "Há uma preocupação a partir de 2013, quando pode haver escassez de recursos da poupança, por isso já estamos trabalhando com o governo para procurar mais mecanismos", afirma França, que também é presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
"Essa é uma questão que o mercado já começa a trabalhar antecipadamente com soluções para que o ritmo de crédito se mantenha firme", destaca Cláudio Borges, do Bradesco.


Fonte: Econômico Valor